28 de dezembro de 2006
27 de dezembro de 2006
7 de dezembro de 2006
Início do romance Week-end na guatemala, de Miguel Ángel Astúrias, tradução de Antonieta Dias de Morais.
3 de dezembro de 2006
27 de novembro de 2006
26 de novembro de 2006
En dépit du froid glacial qui, à tes débuts, t'a traversé, et bien avant ce qui survint, tu n'étais qu'un feu inventé par le feu, détroussé par le temps, et qui, au mieux, périrait faute de feu renouvelé, sinon de la fièvre des cendres inhalées.
Apesar do frio glacial
Apesar do frio glacial que em tua estréia te varou, bem antes do que sobreveio, só eras um fogo inventado pelo fogo, revirado pelo tempo, que pereceria, quando muito, falha de fogo renovado, ou da febre das cinzas inaladas.
Original em francês de René Char. Tradução para o português de Augusto Contador Borges.
18 de novembro de 2006
30 de outubro de 2006
Trecho de Gulag.
Trecho de Gulag, de Anne Applebaum.
25 de outubro de 2006
4 de outubro de 2006
30 de setembro de 2006
20 de setembro de 2006
Trecho da matéria publicada no jornal "The Guardian", dia 17 de setembro, sobre a nossa ilustre escritora Bruna Surfistinha. Paulo Coelho que se cuide...
Um ano após trocar os quartos pelas salas de autógrafos, ela vendeu mais de 140 mil livros no Brasil - um número significativo para um país obcecado pelas telenovelas, onde as editoras se esforçam para vender um décimo desse número.
Peraí. Um décimo? Esses caras estão por fora. Quem aqui neste país tropical, abençoado por Deus, vende quatorze mil cópias? Quem vende mil? Quem vende seiscentas? E sequer estou falando de LITERATURA... Eu tenho CINCO dedos. Quem dá mais?
19 de setembro de 2006
Primeiro parágrafo de Malone Morre, Samuel Beckett, em tradução de Paulo Leminski.
18 de setembro de 2006
17 de setembro de 2006
(...) Fiquei pensando, agora de propósito, em Gertrudis; a querida Gertrudis de pernas longas; a Gertrudis com uma velha cicatriz esbranquiçada no ventre; a Gertrudis calada de olhos pestanejantes, que às vezes engolia a raiva feito saliva; a Gertrudis com uma roseta de ouro no peitilhodos vestidos de festa; Gertrudis, conhecida de cor.
Quando a voz da mulher ressurgiu pensei na tarefa de encarar sem mágoa a nova cicatriz que Gertrudis iria ter no peito, redonda e complicada, com nervuras de um rubro ou de um rosa que o tempo talvez viesse a transformar numa trama pálida, da cor daquela outra, tênue e sem relevo, ágil como um assinatura, que Gertrudis tinha no ventre e que eu reconhecera tantas vezes com a ponta da língua.
Trecho do romance A vida breve, de Juan Carlos Onetti, em tradução de Josely Vianna Baptista.
8 de setembro de 2006
E também um pouco de Saul Bellow: “Assim sendo, aquelas manchas que se encontravam no interior da substância de cada um sempre pontilhariam de reflexos tudo o que o homem procura e tudo o que o circunda.”
O último parágrafo é um trecho de “O planeta do Sr. Sammler” (Mr. Sammler's Planet), em tradução de Denise Vreuls.
Depois a maldita curiosidade me fez procurar a Denise no Google...
4 de setembro de 2006
22 de agosto de 2006
21 de agosto de 2006
18 de agosto de 2006
7 de agosto de 2006
27 de julho de 2006
Diz-se que o português Pedro Álvaro Cabral descobriu o Brasil no ano de 1500. A gente vai acreditando porque nesta altura dá muito trabalho impugnar. Mas fica aquela dúvida: O Brasil estava perdido? (Os piadistas poderão dizer que já estava.) Se fomos mesmo descobertos por portugueses, quando é que nós brasileiros vamos retribuir a gentileza descobrindo Portugal? Porque a verdade chocante é que para os brasileiros de hoje Portugal é tão ignoto como eram estas terras para os europeus até fins do século XV.
Trecho de "Para descobrir Portugal", de José J. Veiga.
22 de julho de 2006
Trecho de "O chão salgado", de Maria Isabel Barreno.
11 de julho de 2006
- Não, obrigado, não precisa - disse o Sr. Finkelstein.
Parecia que o velho estivera observando o Sr. Finkelstein, já que apontou para o túmulo do pai dele e disse: - O senhor não deixou nada.
O Sr. Finkelstein olhou para a lápide e lembrou que deveria ter colocado uma pedrinha na sepultura para mostrar que tinha passado ali e feito suas homenagens. Nas outras lápides havia pedras de todos os tamanhos, como cartões telefônicos que resistem até a chuvas. Virou-se para o velho e disse em ídiche: - Ser ele me viu, sabe que estive aqui. Se não me viu, também não vai ver uma pedra.
Trecho de Focus, de Arthur Miller. Tradução de Beatriz Horta.
8 de julho de 2006
António Alçada Baptista em O tecido do outono.
6 de julho de 2006
3 de julho de 2006
Francisco José Viegas, em As duas águas do mar.
30 de junho de 2006
Trecho de "Os cus de Judas", de António Lobo Antunes.
21 de junho de 2006
20 de junho de 2006
15 de junho de 2006
Trecho de Guerra sem testemunhas, de Osman Lins.
12 de junho de 2006
Acordou de madrugada. Sua mulher e seu filho dormem. Não quis ligar a televisão, tampouco o rádio. A casa está silenciosa. Não há nada para ser feito. Tudo está em ordem. Apenas perdeu o sono. Não sabe o motivo, nem deseja sabê-lo. Talvez assim seja melhor. É bom começar um novo século. A casa paga. O carro na garagem. A geladeira cheia. Nenhuma novidade, nenhum sobressalto. Mas, está tudo bem. Todos estão com saúde. É isso que importa nessa vida. Saber que todos estão bem.
Claudio Eugenio Luz
4 de junho de 2006
Início do romance "A fúria do corpo", de João Gilberto Noll.
2 de junho de 2006
29 de maio de 2006
Do povoado do Ão, ou dos sítios perto, alguém precisava urgente de querer vir - segunda, quarta e sexta - por escutar a novela do rádio. Ouvia, aprendia-a, guardava na idéia e, retornado ao Ão, no dia seguinte, a repetia aos outros. Mais exato ainda era dizer a continuação ao Fraquilim Meimeio, contador, que floreava e encorpava os capítulos, quanto se quisesse: adiante quase cada pessoa saía recontando, a divulga daquelas estórias do rádio se espraiava, descia a outra aba da serra, ia à beira do rio, e, boca e boca, para o lado de lá do São Francisco se afundava, até em sertões.
Trecho de "Noites do Sertão".
25 de maio de 2006
20 de maio de 2006
Trecho do conto "O burrinho pedrês", de João Guimarães Rosa.
10 de maio de 2006
Trecho de Sobre o ofício do escritor, de Arthur Schopenhauer.
4 de maio de 2006
28 de abril de 2006
27 de abril de 2006
Trecho de Moravagine.
26 de abril de 2006
Trecho de Moravagine, romance de Blaise Cendrars, em tradução de Ruy Belo para as Edições Cotovia, Portugal, 1992. Originalmente foi publicado pelas Edições Grasset, em 1926.
25 de abril de 2006
23 de abril de 2006
José Castello, em matéria para o jornal Rascunho.
22 de abril de 2006
19 de abril de 2006
9 de abril de 2006
Wilson Rossato, trecho do romance "O tolo precário", lançado em 2004 pela Editora Lamparina.
5 de abril de 2006
3 de abril de 2006
Campos de Carvalho. Trecho retirado do livro "A chuva imóvel".
23 de março de 2006
21 de março de 2006
17 de março de 2006
Com 'A cidade devolvida', Whisner Fraga traz novo alento à prosa brasileira
Ronaldo Cagiano
Desde sua estréia com Seres e sombras (1999), seguido pelo premiado Coreografia dos danados (2002), o contista Whisner Fraga vem dando continuidade a um projeto de rastreamento das angústias existenciais. Os contos recentes de A cidade devolvida (Ed. 7Letras, Rio, 104 págs. 2005, R$ 24) chamam a atenção para esse jovem autor, engenheiro e professor, mineiro de Ituiutaba, vivendo atualmente no interior de São Paulo.
Em seu novo trabalho, Fraga aprofunda de maneira radical, tanto nos temas quanto na forma, as inquietações ancestrais, projeções dos desertos interiores de seus personagens. Deparamo-nos com protagonistas vivendo situações-limite, gente que vaga entre as solidões urbanas, os fracassos individuais, a inviabilidade dos relacionamentos desgastados, os dilemas frente às impossibilidades materiais e afetivas ou às insolúveis dores espirituais.
O conto que dá título ao livro, por exemplo, é uma relato pungente de um indivíduo estrangeiro em sua própria geografia, incapaz de localizar-se no seu território físico, porque perdido em seus labirintos psicológicos, sem um fio de Ariadne que o reconduza à realidade. Acuado pela sua própria vida, não dá mais conta de ultrapassar a simples linha divisória que traçou dentro de sua cidade. Tudo perdeu o sentido e ele se torna um estranho no ninho social, um ser que renuncia à sociabilidade e vive, intensamente, seu processo de auto-reclusão no limiar da loucura.
Esses contos metaforizam a própria vida contemporânea, seja na urbis ou nos minúsculos mas vulcânicos escaninhos domésticos, onde ressoam nossas fraquezas. As vísceras expostas da solidão humana, o individualismo, os desajustes sociais, a inadaptabilidade aos fetiches do consumismo, os conflitos familiares e os fracassos coletivos são tratados pelo autor com toda sua carga de tensão.
Há uma verdadeira catarse, na tentativa de exorcizar fantasmas pessoais e soltar o grito submerso de uma geração desiludida, que perdeu seus referenciais humanos e estéticos e não tem mais por que lutar. O vai-e-vem de emoções e desencontros perceptíveis em cada conto retrata uma ambientação claustrofóbica. Mas nem por isso o autor deixa se seduzir por uma linguagem escatológica e, paradoxalmente, traduz os condicionamentos e a secura do caos moderno mitigando a sua confecção literária com a necessária poesia. Não aquela que é fruto de obviedades líricas e concessões sentimentais, mas a que nasce do imprevisível, como uma rosa que brota, solitária, num pântano.
O que reverbera o grito do personagem - ''e a cidade? a cidade? a cidade? confusa geografia a me cuspir'' - é uma denúncia de labirintos reais ou projeções delirantes de um ser deslocado, atmosfera recorrente em quase todos os contos, porque são histórias de inadaptabilidade, isolamento, insularidade, solidão e aspereza.
O autor capta os dramas individuais e coletivos, desnudando as asperezas do cotidiano. E, com isso, cutuca as feridas, dá um soco no estômago e mergulha num universo dialético, o que provoca um susto no leitor e nos instiga a um questionamento sobre a nossa condição.
A linguagem agreste, não linear, entremeada de fragmentos, recortada de alusões e citações, interrompida pelo fluxo de consciência/ monólogo interior, resulta de uma fina artesania e reproduz com fidelidade não só a destreza e a versatilidade narrativa do autor, mas acima de tudo o desmantelamento emocional, o desvario e o deslugar de seus personagens.
Antenado com as emergências de seu tempo e as demandas da literatura atual, Whisner Fraga consolida seu processo criativo e se insere no rol dos autores que trazem um novo alento à prosa brasileira.
Jornal do Brasil, 17 de março de 2006.
15 de março de 2006
Quanto ao tema do Whisner, acho-o fascinante. E percebo que ele, o autor, de certa maneira, simula na linguagem certos volteios labirínticos (como você mesmo percebeu) que parecem conduzir o leitor à confusão, dispersividade. Nisso, uma necessidade de rever roteiros a que se achar. Lembra-me, n'O Céu que nos protege, a idéia que Bowles sugere para se achar dentro de uma cidade: é antes preciso perder-se dentro dela. A partir desse centro vazio, da perda, uma recondução de coordenadas, que construam ordem ao caos, ou, se não ordem, aparatos perceptivos para reconhecer este caos com um olhar familiar (de que fala Ponty, em O Olho e o Espírito). Mas mesmo assim, perigosa e arriscada essa aposta, pois exige um leitor disposto e paciente. Aliás, perigo e risco corre quem se aventura a de fato conhecer uma cidade. O título é interessante também, a cidade é devolvida, como um refluxo de movimentos de expansão e contração cosmopoéticas que acabam devolvendo excessos (via linguagem ou imagens) encarregados por formar o próprio material de que todas as cidades são construídas (ou mesmo destruídas). "
Continuo com a leitura.
Um grande abraço: Assionara Souza
Mensagem da escritora Assionara Souza para a também escritora Carola Saavedra.
9 de março de 2006
Eu levaria alguns livros do Machado de Assis e do Guimarães Rosa, como literatura brasileira, e como literatura estrangeira eu levaria Proust. Mas isso é uma preferência pessoal e não é exclusiva. A literatura estrangeira é um mundo. É muito difícil de escolher um apenas, mas eu acho que o Proust é um escritor extraordinário, tanto que há, hoje, na literatura do século 20 os proustianos e os joyceanos. Eu comecei a ler o Joyce em francês porque a tradução decodifica muita coisa e ela foi acompanhada pelo Joyce. Depois eu li em inglês e depois em português, na tradução do Houaiss. Mas, até agora pelo menos, não tive a empatia que tive com Proust. Eu li Em Busca do Tempo Perdido cinco vezes com dez anos de intervalo, e cada leitura é diferente e melhor.
José Mindlin, em entrevista à Revista E, do SESC, fevereiro de 2006.
5 de março de 2006
28 de fevereiro de 2006
Out of the sun's way, hidden apart;
In a softer bed than the soft white snow's is,
Under the roses I hid my heart.
Why would it sleep not? Why should it start,
When never a leaf of rose-tree stirred?
What made sleep flutter his wings and part?
Only the song of a secret bird.
Deitei meu coração em um ninho de rosas,
Longe da luz do sol; num leito o pus então
De mais brilho e maciez que as montanhas nivosas;
Sob as rosas guardei, guardei meu coração.
Donde, pois, donde vem essa palpitação,
Se nem mesmo uma folha estremece no ar quieto?
Quem fez alar-se o sono e voar para a amplidão?
Apenas a canção de um pássaro secreto.
O trecho acima é do poema de Algernon Charles Swinburne (1837-1909), intitulado A ballad of dreamland, a tradução é de Anderson Braga Horta.
27 de fevereiro de 2006
- Ahá.
- Están muy bien escritos.
- Hm.
Mónica da otra pitada y me mira directamente a lo ojos.
- Pero la verdad es que no sé qué es lo que tienen de especial. Todos los años se publican miles de cuentos como esos. No me parecen para nada originales.
Martin Rejtman, trecho do conto "Literatura", do livro "Literatura y otros cuentos", Ed. Interzona, 2005.
25 de fevereiro de 2006
Jornal "O Globo", Caderno "Prosa & verso", 25 de fevereiro de 2006.
18 de fevereiro de 2006
Silvina Ocampo (1903-1993), trecho do conto Las fotografías, do livro La Furia, de 1959. Ocampo foi mulher de Adolfo Bioy Casares e conviveu, juntamente com o marido, com Borges. É uma pena que sua literatura seja desconhecida no Brasil. Aliás, é uma pena que conheçamos tão pouco da literatura argentina e que nosso vizinho saiba tão pouco do que se passa em nossas letras.
16 de fevereiro de 2006
Padre Antônio Vieira, Sermão da Quarta-feira de Cinza, trecho retirado da edição "Sermões", Tomo 1, da Editora Hedra, 2003.
10 de fevereiro de 2006
Traduzo assim:
Meu coração está pesado e sucumbe à náusea. Vomito sobre meus pés brancos, ao pé deste túmulo de mármore de Carrara que é meu corpo nu.
Há uma edição da Record, de 1968, Pompas Fúnebres, traduzida por Ronaldo Lima Lins, que está bastante falha. Não no que diz respeito à transposição em si, que está excelente, mas com relação a várias omissões de trechos do original. Algumas perfeitamente compreensíveis por causa da censura e outras de jeito nenhum... Desconheço se existe alguma tradução mais recente. De qualquer maneira, ao leitor de Genet, recomendo a leitura do original ou, caso não seja possível, a de uma outra tradução.
7 de fevereiro de 2006
6 de fevereiro de 2006
30 de janeiro de 2006
Oi Whisner,
desculpe a demora em responder, é que eu não queria escrever antes de acabar de ler o seu livro, e como A cidade devolvida não é leitura para se fazer rapidamente, precisei de bastante tempo.
Adorei o livro, muito. O que mais me chamou a atenção no seu texto é que ele não faz concessões, não é daquelas narrativas que pegam o leitor pela mão e vão mostrando o caminho através de setas, sinais luminosos, ao contrário, ele tem algo de labirinto, de abismo, como se a qualquer momento o leitor menos atento pudesse perder o equilíbrio e cair. Fui acompanhando a narrativa como quem tateia, um pouco às cegas, com os sobressaltos e entusiasmos que causam os caminhos inesperados, alguns deles, aliás, percorri muitas e muitas vezes, sem que nunca perdessem o seu quê de armadilha.
Enfim, foi um prazer.
Um grande abraço e a minha admiração
Carola
28 de janeiro de 2006
25 de janeiro de 2006
Meu caro Whisner,
Acabei neste momento de ler seu A cidade devolvida e ainda estou sob o impacto de uma leitura que foi um misto de prazer e angústia. Prazer, pela descoberta de sua maneira fragmentária de narrar, com muito de surrealismo, suas inovações. Muito prazer. Angústia pelo lado marginal de alguns contos, com frestas de vidas que transcorrem no fio da faca social, e que observamos como se fosse pelo buraco da fechadura. Prazer e angústia, enfim, como reações estéticas a um dos melhores livros de contos que tenho lido> ultimamente. Brigadão, meu caro, pelo belo presente. Se você entrar no sítio www.menalton.com.br e procurar "Fóruns" no menu, vá até "Recomendados" e lá encontrará o Cidade.
Parabéns, Whisner
Um abraço, Menalton.
Outro dia recebi uma mensagem da escritora Carola Saavedra, que também queria postar aqui, mas infelizmente meu micro foi atacado por um vírus poderoso e tive de formatá-lo (não conseguia mais acessar o HD), motivo pelo qual perdi o e-mail da Carola e conseqüentemente não pude publicá-lo aqui no blog. Carola, se você chegar a ler este post, por favor, me escreva, perdi seu endereço!