30 de abril de 2007

Banda POSTHUMAN TANTRA, de Edgar Franco, lança CD na Suíça

O Álbum e sua Produção.

"Neocortex Plug-in", primeiro álbum do POSTHUMAN TANTRA, projeto musical no estilo"Sci-Fi Ambient Industrial" criado pelo artista multimídia Edgar Franco, acaba de ser lançado na Suíça pela gravadora Legatus Records. O POSTHUMAN TANTRA já havia lançado uma demo e participado de coletâneas na Itália, Austrália e Brasil, além de ter produzido em parceria com a lendária banda francesa de death ambient "Melek-Tha" os álbuns "Kelemath Trilogy" & "Asylum of Slaves", lançados na França. Com a boa recepção desses trabalhos o projeto assinou contrato com a Legatus Records para o lançamento de seu debut, tornando-se uma das primeiras bandas brasileiras do gênero ambient/industrial a assinarem contrato com um selo europeu."Neocortex Plug-in" é o primeiro full-lenght do POSTHUMAN TANTRA e conta com uma produção excelente tendo sido masterizado na Suíça no renomado estúdio BWS, onde já foram masterizados álbuns de bandas como "Lordren", "Rod's'in Molly", "Scush", "Gargula Valzer", "Infinite Dreams", "Black Jade", "Morgat", "Delirium", "Dark Moon" & "Chapter Seven". O álbum conta com participações muito especiais de músicos da cena dark ambient e industrial como Lord Evil do "Melek-Tha", e o músico e renomado escritor cyberpunk japonês Kenji Siratori, além de Mike Vonlanthen da respeitada banda Suiça de EBM "TransZendenZ", entre outros convidados especiais como o quadrinhista autoral brasileiro Gazy Andraus que colobara brevemente nos vocais de uma faixa.

A Faixa multimídia "Game-o-tech 2.0": Nova HQtrônica.

Além das 11 faixas que compõem a parte musical, "Neocortex Plug-in" possui uma faixa multimídia especial, uma HQtrônica (história em quadrinhos eletrônica) que inclui animação e trilha sonora criadas por Edgar Franco - conhecido por seu trabalho como quadrinhista e pesquisador da linguagem dos quadrinhos, tendo lançado revistas em quadrinhos como "Agartha" e "BioCyberDrama", essa última desenvolvida em parceria com Mozart Couto e premiada no troféu "Ângelo Agostini". A faixa multimídia intitulada "Game-o-tech 2.0" traz uma reflexão sobre os caminhos da hibridização genética e de sua possível exploração pelos trustes industriais do futuro.

Os Conceitos Envolvidos na Criação de "Neocortex Plug-in"

A temática de todas as músicas do CD envolve o embate entre os possíveis caminhos da nossa relação com os avanços tecnológicos e a transcendência. O POSTHUMAN TANTRA é o desdobramento musical das pesquisas artísticas em múltiplas mídias de Edgar Franco, doutor em artes pela USP, sua tese de doutorado "Perspectivas Pós-Humanas nas Ciberartes" foi premiada no programa Rumos Pesquisa 2003 do Centro Itaú Cultural em São Paulo. O POSTHUMAN TANTRA sofre forte influência conceitual da obra de artistas visionários que refletem sobre a iminente condição pós-humana, como Orlan, H. R. Giger, Mark Pauline, Natasha Vita-More, Stelarc, Roy Ascott, Diana Domingues, Eduardo Kac, David Cronenberg, e alguns aspectos de movimentos como The Extropy, Transhumanism & Immortalism. Já a visão tecno- transcendentalista é inspirada por pensadores como R.A.W., Terence MacKenna, Buckminster Fuller, Teilhard de Chardin, Aldous Huxley, Madame Blavatsky, John C. Lilly, Tim Leary, Giordano Bruno, John Dee, Gurdjief, A.O.Spare, William Blake, Rupert Sheldrake, Ken Wilber, P.K.Dick, Crowley, Stanislav Grof, entre outros. Musicalmente as principais influencias são "Lustmord", "Melek-Tha", "Napalmed", "Mental Destruction", "Stalaggh", "Brighter Death Now", "Antimatter", "Merzbow", "Manes", "Bad Sector", "Current 23", "Loop B","A Irmandade", "Each Second", "SMES", "Midnight Syndicate", "All Scars Orchestra","Seven Pines", "Thy Veils", "Ulver", "Agaloch", "Aesthetic Meat Front", "Beyond Sensory Experience","Tangerine Dream", "Pink Floyd", "Coph Nia, entre outros.

"Neocortex Plug-in" Tracklist:
01. The Omega Neocortex
02. Visions From The Abyssal Neurogenetic Circuit
03. Glorification Of Our Nanotechpain
04. Downloading My Universal Conscience By Cyber Pulmonary's Pranayama
05. Biotech Antenna To Receive Morfic Resonances From The Mu Continent
06. The Biocybershamans' Cosmic Vortex Cult
07. My Eternal Avatar
08. Revelations Of The Absinthe Simulator's Nanochip
09. Hymn In Praise Of The new Hyper Conscience Receptacles - The Flesh Rottens And Disappears, Image And Memory Still Remain
10. Insonho
11. The Immortalists' New Horizon 12. Game-o-Tech 2.0 – multimedia track.

Duas faixas muito diferentes que estão no álbum e o conceito que as engendra:

“Glorification of our Nanotechpain” (“A Glorificação de Nossa Dor Nanotecnológica”) – é uma faixa densa e obscura que trata das ameaças de uma possibilidade tecnológica racionalista: a criação de nanorobôs que inicialmente foram gerados para erradicação de doenças, mas depois passaram a ser produzidos em larga escala de forma clandestina para inocular novas doenças e fazer uma poderosíssima industria farmacêutica do futuro lucrar com a venda de “nanorobôs antídoto”, ou seja, trata da alta tecnologia aliada ao velho egoísmo humano. É um dos possíveis caminhos, o obscuro continuísmo egocêntrico e auto centrado, espero que não o trilhemos!

“Visions from the Abyssal Neurogenetic Circuit” (“Visões do Abissal Circuito Neurogenético”) – Essa faixa trata das possibilidades de transe através de realidades virtuais computacionais, transes tecnológicos semelhantes aos dos alucinógenos, mas sem mudança sintética da química do cérebro. Transes que poderão fazer com que alcancemos as verdades universais através de nosso circuito neurogenético (presente no DNA). Trata da possível descoberta da consciência cósmica com auxílio da tecnologia. É inspirada nas reflexões de Roy Ascott & Robert Anton Wilson. É um dos caminhos possíveis que espero trilharmos.

19 de abril de 2007

O escritor diz assim, que não vale a pena escrever, que é melhor não lançar nenhum livro, mas a maioria comete a imprudência: aos trinta já somam seis, sete obras publicadas.

"Todo escritor acredita na valia do que escreve.
Si mostra é por vaidade. Si não mostra é por
vaidade também.

Não fujo do ridículo. Tenho companheiros
ilustres.

O ridículo é muitas vezes subjetivo. Independe
do maior ou menor alvo de quem o sofre.
Criamo-lo para vestir com ele quem fere nosso
orgulho, ignorância, esterilidade."

Os versos são do Mário de Andrade, retirados de "Artista".

14 de abril de 2007

No último verão daquele ano ocupávamos uma casa numa aldeia, de onde, além do rio e da planície, víamos as montanhas. O leito do rio era de pedregulho, com grandes pedrouços emergentes, que ao sol apareciam secos e esbranquiçados, a água muito límpida corria azul nos pontos mais fundos.
As tropas de passagem pela estrada erguiam pó e o pó acamava-se sobre as fôlhas. Também o tronco das árvores vivia empoado. As fôlhas caíram cedo naquele ano. Víamos as tropas em marcha pela estrada sempre envolvidas numa nuvem de pó; e víamos as fôlhas caírem ao sôpro do vento; e depois que os soldados passavam, a estrada estendia-se deserta e branca, só pintalgada das fôlhas sêcas.

Hemingway por Monteiro Lobato. A edição que tenho é de 1961, "Adeus às armas", por isso a grafia um pouco diferente. Como é possível, com uma tradução tão absurda e malfeita, imaginar Ernest como um dos maiores escritores norte-americanos?
In the late summer of that year we lived in a house in a village that
looked across the river and the plain to the mountains. In the bed of the river
there were pebbles and boulders, dry and white in the sun, and the water was
clear and swiftly moving and blue in the channels. Troops went by the house and
down the road and the dust they raised powdered the leaves of the trees. The
trunks of the trees too were dusty and the leaves fell early that year and we
saw the troops marching along the road and the dust rising and leaves, stirred
by the breeze, falling and the soldiers marching and afterward the road bare and
white except for the leaves.

Primeiro parágrafo do livro "A farewell to arms", de Ernest Hemingway.