1 de junho de 2012

Algumas palavras sobre o Concurso de Contos Luiz Vilela


                Talvez os ituiutabanos não tenham uma ideia muito clara da importância do Concurso Luiz Vilela, que, durante mais de vinte anos, premiou contistas do país inteiro. O certame, que dava ao vencedor uma boa quantia em dinheiro, que recebia, a cada edição, em torno de mil trabalhos concorrendo ao prêmio, levava o nome de minha cidade natal aos cantos mais recônditos do Brasil. Digo isso com conhecimento de causa, pois, por onde quer que eu vá, quando respondo sobre Ituiutaba, logo já a conectam ao concurso.
                Os livros editados com os dez melhores trabalhos circulam por todos os cantos. Recebo com frequência e-mails de gente pedindo exemplares, interessados em ler os contos selecionados. Quando relacionam o prêmio à cidade, logo pensam que aqui há políticos que valorizam a cultura, que reconhecem o valor da literatura. E é fato que deve ser louvado.
                Estamos cansados de saber que uma parcela significativa da população saiu da faixa de pobreza, alcançando o status de consumidora. Os da classe C migraram para a B, os da B para a A, fazendo com que nosso povo tivesse acesso aos bens de consumo, embora continue sem acesso aos bens culturais, seja por desinteresse, seja por falta de dinheiro mesmo. Ações que saiam à captura de leitores só podem ser louvadas.
                Posso garantir a qualquer um que venha me questionar, que os mil exemplares editados com os dez contos vencedores alcançam uma enormidade de leitores. Um livro em uma biblioteca, um livro lançado ao mundo, é sempre uma surpresa. Como vencedor da edição de 2007 do Prêmio Luiz Vilela, como autor selecionado em quatro outras oportunidades, posso afirmar que a antologia fez muita diferença em minha carreira.
                Graças ao concurso, meu nome chegou aos ouvidos de antologistas e de pesquisadores que se interessaram pela minha escrita. Fui convidado a participar de importantes obras, caso da Geração zero zero, que mapeou os melhores escritores contemporâneos da década passada. Meu nome, de boca em boca, alcançou uma pesquisadora norte-americana, que passou a estudar meus dois últimos livros com seus alunos de pós-graduação. De boca em boca, minha prosa encontrou uma editora alemã, que se interessou pelo que faço e que traduzirá um texto meu para a Feira de Frankfurt, em 2013.
                Poderia ficar aqui defendendo o concurso durante horas, mas acho que já dei uma boa amostra do meu pensamento. Por motivos que não pretendo abordar neste texto, o prêmio deixa de levar o nome do escritor ituiutabano mais conhecido no Brasil e no mundo. Não tenho dúvida nenhuma que grande parte do sucesso do Concurso Luiz Vilela se deveu ao fato de que o próprio Vilela gerenciava todos os passos do certame. Parece-me que ficou decidido que continuará a existir um prêmio literário em Ituiutaba, só que com outro nome. Não sei se será a mesma coisa, mas espero que sim.