23 de abril de 2006

Voltar à experiência íntima e direta da literatura, sem o apoio de intermediários, sem manuais de leitura, sem muletas, ou precauções. Regressar à leitura dos grandes livros, retomar a experiência - prazerosa, mas atordoante - do puro prazer de ler. Recuperar o impacto, a desordem íntima, a devastação interior que a leitura de um grande livro sempre provoca. Expor-se: entender que ler é, também, ser lido. Nada se assemelha ao contato silencioso e misterioso, mas intenso, que liga o leitor a um livro. Trata-se de uma experiência íntima, secreta, em que a inteligência e a sensibilidade se expandem, mas também se apequenam. Hoje, infelizmente, a idéia desta colisão com o real, do impacto contido nesta experiência particular, da exposição sem defesas ao calor do texto, parece perdida. As leituras, hoje em dia, ou são técnicas, ou burocráticas, ou didáticas, isso quando não geridas pelos modismos, pelas agências literárias e pelo marketing.

José Castello, em matéria para o jornal Rascunho.

Um comentário:

Claudio Eugenio Luz disse...

Imprimi e li o artigo. Ainda estou sobre os efeitos da leitura. Fantastica.

hábraços

claudio

p.s: alguma livro publicado? Não, apenas alguns contos em revistas.

p.s2: Sempre me surpreendendo. Pena que não tenha o original.