16 de fevereiro de 2006

Passa Santo Agostinho da sua África à nossa Roma, e pergunta assim: Ubi sunt quos ambiebant civium potentatus? Ubi insuperabiles Imperatores? Ubi exercituum duces? Ubi satrapae et tyranni? Onde estão os Cônsules Romanos? Onde estão aqueles Imperadores e Capitães famosos que desde o Capitólio mandavam o mundo? Que se fez dos Césares e dos Pompeus, dos Mários e dos Silas? dos Cipiões e dos Emílios? Os Augustos, os Cláudios, os Tibérios, os Vespasianos, os Titos, os Trajanos, que é deles? Nunc omnia pulvis: tudo pó: Nunc omnia favillae: tudo cinza: Nunc in paucis versibus eorum memoria est: não resta de todos eles outra memória, mais que os poucos versos de suas sepulturas. Meu Agostinho, também esses versos que se liam então, já os não há: apagaram-se as letras, comeu o tempo as pedras: também as pedras morrem: Mors etiam saxis, nominibusque venit. Oh, que Memento este para Roma!

Padre Antônio Vieira, Sermão da Quarta-feira de Cinza, trecho retirado da edição "Sermões", Tomo 1, da Editora Hedra, 2003.

2 comentários:

Claudio Eugenio Luz disse...

Olá! Nada como saborear um trecho do padre vieira! Tudo é provisório. Tudo passa: para o melhor ou para o pior; mas passa.
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hábraços
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claudio

whisner disse...

claudio,

e muita gente não considera isso literatura... Tudo passa, até os epitáfios não duram muito. Isso é fascinante. Mas os escritores ainda não aprenderam muito disso.

Abs,

Whisner.