A noite era uma mortalha de silêncio agitado. O silêncio trazia o mar pra dentro da casa, subindo a montanha, sufocando. As coisas perdiam o contorno. Ela não queria deixar os filhos se afogarem nesse mesmo silêncio, mas não sabia falar. Vinha e voltava. Um lampião iluminando um quadro mudava tudo. Os cabelos desgrenhados da menina. Ela ou sua filha, a menina verde, não sabia.
Trecho do (belo) romance "Esse rio sem ponte", do escritor e psicanalista carioca Carlos Tamm, lançado recentemente pela 7Letras.
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