5 de dezembro de 2005

O tradutor, acredito, em hipótese alguma deve tentar "melhorar" o texto que está traduzindo. Assim é que, no romance "O estrangeiro", eu traduziria o trecho: "Il avait de beaux yeux, bleu clair, e un teint un peu rouge. Il m'a donné une chaise et lui-même s'est assis un peu en arrière de moi." assim: "Ele tinha belos olhos, azuis-claros, e uma pele um pouco avermelhada. Deu-me uma cadeira e sentou-se um pouco atrás de mim." O tradutor poderia facilmente trocar o primeiro "pouco" por tanto, por exemplo. Um tanto avermelhada. Mas seria cair numa armadilha que trairia o leitor que não domina o francês. Repetir palavras em frases próximas umas das outras não é considerado coisa muito elegante... Temos de lembrar que o romance foi terminado em 1940, quando Albert Camus tinha 26 anos e publicado em 1942 (a décima-quinta edição traduzida pela Record traz em sua orelha a informação errada de que o romance foi publicado pela primeira vez em 1957. Em 1957, só para lembrar, Camus ganhou o Nobel de Literatura.) Para terminar, Camus morreu em 1960, em um acidente automobilístico.

2 comentários:

Claudio Eugenio Luz disse...

A tradução é um trabalho ardiloso.Quando da tradução de Robert Walser - O ajudante -, José Pedro Antunes me escrevia dizendo das dificuldades e das suas dúvidas em relação ao desenvolvimento da tradução para o português.

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hábraços,claudio

whisner disse...

eu sou até meio radical. acho que a tradução é inútil e impossível...