(...) Quando há neblina na pequena estrada do Nordeste e os passos de alguém, aí, se assemelham a um ruído de pedra em toda a solidão das colinas verdes rasantes ao mar, à tristeza, ao mar outra vez, porque é o mar que aparece permanentemente nos sonhos - o mar e o medo, um medo grandioso como a vida toda que desaparece em cada cadáver que alguém cataloga.
Trecho do romance "As duas águas do mar", do português Francisco José Viegas. A Record, que lançou o livro aqui no Brasil rotulou o livro de Policial. Só por isso eu jamais o compraria. Mas a editora me mandou um exemplar de cortesia e eu descubro que é um baita dum livro. Vai muito, mas muito além dos clichês do gênero. Um detetive e um assassinato são meros detalhes em meio a tanta poesia. Importante: a edição foi apoiada pelo Instituto Português do Livro e das Bibliotecas. Não entendo por que aqui no Brasil nenhuma instituição nem o governo dão a mínima para o fato de nossa literatura ser desconhecida no resto do mundo. Não se iludam, nem Rosa nem Clarice nem Machado foram tão traduzidos assim. E nos países em que foram, ocuparam (ainda ocupam) o limbo das livrarias e poucas prateleiras de intelectuais.
Um comentário:
Meu caro, fosse apenas a literatura, estaríamos no lucro.Mas, enfim, Francisco José Viegas já conhecia, embora o livro não tenha ainda lido. Em relação ao post anterior, procurei, procurei e nada de encontrar o conto na integra. Vou ver se consigo comprar o livro.
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hábraços,claudio
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