3 de dezembro de 2005

Primeiro uma angústia indeterminada, um malestar vago, um sentimento de espera com dor, como acontece antes da inspiração poética em que sente-se "que vai acontecer algo" (estado que só pode comparar-se àquele de quem vai foder sentindo que o esperma sobe e a descarga está pronta. Dá para entender?).
Em seguida, de repente, como o raio, invadindo, ou melhor irrupção instantânea da memória, porque a alucinação propriamente dita não é outra coisa - para mim, pelo menos. É uma doença da memória, um afrouxamento do que ela encobre. As imagens escapam de você como torrente de sangue. Parece que tudo o que está na cabeça explode duma vez como os mil foguetes de um fogo de artifício, e não há tempo de olhar essas imagens internas que desfilam com fúria. Em outras circunstâncias, isto começa com uma só imagem que cresce, desenvolve-se e acaba por cobrir a realidade objetiva, como por exemplo, uma faísca que volteia e torna-se um grande fogo flamejante.

Estas são palavras de Gustave Flaubert, sobre o que ele considerava "visão poética", em correspondência para seu amigo Hippolyte Taine (Correspondance, 1859-1871). A tradução do trecho foi retirada do livro Universo da Criação Literária, que saiu em 1993 pela Edusp. O prefácio da obra é de Alfredo Bosi e trata, basicamente, da crítica genética.

4 comentários:

Claudio Eugenio Luz disse...

Recentemente discuti com Menalton Braff sobre critica genetica. Eita, uma verdadeira aula sobreliteratura.

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ps: vou colocar sua cidade em minha rua de mão única.
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hábraços,claudio

whisner disse...

claudio, o menalton é um sujeito muito bacana. por um acaso vc mora na região de ribeirão preto ou o encontrou em algum congresso literário?

Claudio Eugenio Luz disse...

Caro whisner, conheço o menalton desde o ano de 2000. Trocamos correspondência sobre afinidades literárias. Moro na região do ABC, na cidade de ST.André.

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hábraços,claudio

whisner disse...

entendi, claudio. é q pelas suas palavras tive a impressão de que havia sido durante um encontro, esse papo com o menalton. gosto mto do braff e o considero um baita escritor.