8 de dezembro de 2005

Nem o corpo

No seu bangalô,
sob o viaduto,
uma estrela
nunca salpicou o chão.
As balas dos revólveres
furaram o zinco.
Só restaram o abandono,
em sua nudez,
e umas roupas
penduradas no varal.
Ali permanecem,
tesas e encardidas,
em meio à fumaça
dos escapamentos.

Não,
ninguém as reivindicou
como herança.

Donizete Galvão. Poesia retirada do livro "mundo mudo", lançado pela Nankin, em 2003.

Este poeta mineiro, na minha opinião (mais uma vez deixo isso mto claro), é a grande voz da poesia brasileira. Digamos assim: é um poeta maior. Não está na moda (embora vira e mexe se fale dele numa Cult, numa Folha de SP) e sabe fazer versos como poucos.

2 comentários:

Claudio Eugenio Luz disse...

Devo confessar que sobre poetas e poesias sou um pouco alheio; porém, como as letras são um universo vasto e infinito, Donizete Galvão também faz parte dessa constelação de estrelas literárias.

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hábraços,claudio

whisner disse...

claudio, recomendo que você leia mais poesia. temos tantos poetas excelentes. e depois, você sabe, nunca devemos deixar de ter a influência benéfica da poesia....