1 de março de 2008

Um motim de açucenas, um albergue
de peixes, uma espada
(se te moves) um largo meridiano
de painas e centelhas apresadas.
Um fio para que cantes, um silêncio
de mão jogada ao fruto, um vago, um livre
passeio de tendões rumo a si mesmos.

Ah, se te moves, que não buscas nada,
que não conquistas, colhes ou retomas,
que és tu, lançado e frio, êste motim
que imagino e alimento, contra mim.


Assim se inicia o livro "Cantata", de Walmir Ayala, Prêmio Olavo Bilac da Secretaria de Educação e Cultura do Rio de Janeiro em 1961. A comissão que julgou o certame foi composta por Manuel Bandeira, Ledo Ivo e Carlos Drummond de Andrade. Ayala nasceu em Porto Alegre, RS, em 1931 e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 1991.

Um comentário:

NÓS SOMOS NÓS disse...

Cara, maravilha ler o mestre Ayala depois de tanto tempo. Somente no espaço de um cara ligadíssimo, como vc.
há braços!