6 de julho de 2008

FLIP 1

Em Paraty pude ver em ação a Inês Pedrosa, que partilhou a mesa com Cíntia Moscovich e Zoë Heller. Todos gostaram muito da Pedrosa. Uma multidão de fãs esperando pelo autógrafo da portuguesa, mas eu preferi a Zoë. Também a Cíntia estava muito bem. Inês com seu feminismo e sua luta em favor do aborto não convenceu muito. Zoë foi mais honesta com seu pragmatismo. Chegou a dizer que quando aceitou que adaptassem seu livro para o cinema, só pensou no chque e no quanto poderia ficar sossegada para escrever sua ficção. Já Inês deveria falar mais de sua literatura. Zoë é inteligente e certeira. Fala as coisas certas na hora certa e é uma boa escritora. Vi também o Ingo Schulze na mesma mesa que o Modesto Carone. A simpatia do alemão, sua cultura, sua responsabilidade com o ofício, sua literatura surpreendente deixaram o Carone sem ter muito o que dizer. Ainda bem, pois o brasileiro se mostrou um pouco chato com o público. Ao contrário do Contardo Calligaris, um gentleman, muito alegre, simpático e humilde. Seu romance "O conto do amor" estava sendo lançado por lá. Ainda não li, mas o trouxe para casa e se for bom eu devo comentá-lo em breve. Fui para ver também o Alessandro Baricco e não me decepcionei. O escritor italiano mostrou que encara a literatura de maneira bem diferente da dos brasileiros. A mediação do Manuel da Costa Pinto, entretanto, deixou a desejar. A melhor mesa, de longe, foi a do holandês Cees Nooteboom e do colombiano Fernando Vallejo. O Vallejo mostrou que, além de grande escritor, é um indivíduo furioso, prester a explodir por qualquer coisa. Disparou torpedos pesadíssimos contra a igreja católica, contra nosso presidente, contra a literatura de Cees, contra a língua inglesa, contra seu tradutor brasileiro, contra quase tudo que se pode imaginar.

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