No intervalo entre um livro e outro de literatura, para descansar um pouco, ando lendo sobre senso crítico, raciocínio, criatividade, para ver se consigo ajudar um pouco meus alunos. Então achei esse trecho bem interessante e engraçado:
"A linguagem promove interesses e desempenha funções sociais, como demonstra o seguinte diálogo:
Lady Astor: Winston, se você fosse meu marido, eu iria temperar seu café com veneno.
Winston Churchill: Madame, se eu fosse seu marido, eu iria bebê-lo."
Trecho retirado do livro "Senso crítico", de David W. Carraher. Lembrei-me, com isso, que, em 2004, mais ou menos, eu ia vendo filmes e anotando os melhores diálogos. Vou procurar estas anotações. Caso as encontre, vou postar algumas aqui.
30 de janeiro de 2008
27 de janeiro de 2008
Se você não conhece muito a literatura cubana contemporânea, sugiro que procure o escritor Severo Sarduy. Recomendo o livro "Colibri", que retrata as personagens absurdas de um cabaré, que fica próximo ao estuário de um rio, numa zona decadente de Cuba. Logo o autor foca a sua narrativa em Colibri, o famoso dançarino da casa. Lógico que se trata de uma Cuba pré-revolucionária. Também é um olhar distante, já que Sarduy se mudou para Paris aos 23 anos, em 1960, e lá faleceu em 1993.
24 de janeiro de 2008
Se tivesse mais prática na vida literária, saberia que, entre os escritores, o silêncio e a incivilidade em tais circunstâncias denotam a inveja causada por uma bela obra, do mesmo modo que as palavras de admiração demonstram o prazer inspirado por um trabalho medíocre que lhes tranqüiliza o amor-próprio.
Trecho de "As ilusões perdidas", de Honoré de Balzac, em tradução de Ernesto Pelanda.
Trecho de "As ilusões perdidas", de Honoré de Balzac, em tradução de Ernesto Pelanda.
21 de janeiro de 2008
Enquanto comíamos sanduíches no capô do carro, nosso guia dava instruções de como agir depois que estivéssemos lá dentro. Aconselhou-nos a evitar tocar nas coisas e a não sair do asfalto. A floresta, a água e a terra detinham mais radiação, portanto deveríamos evitá-las. A rigor, o aconselhável era ficar apenas duas horas dentro de Pripyat, mas essa recomendação, segundo Ivan, não era assim tão rigorosa, caso soubéssemos por onde andar e como contabilizar o tempo em relação ao nível de radiação. É preciso explicar ao leitor que, na Zona de Exclusão, a radiação não pairava uniforme, variando radicalmente metro a metro. Por último, entregou um contador geiger a cada um de nós (em Kiev, isso se vende nas farmácias) e ensinou como usar. O nível médio de radiação na Europa, dizia ele, é de 9 microroentgens por hora (mR/hr), enquanto em Kiev, pela proximidade de Chernobyl, era de 20 mR/hr. Ligamos os aparelhos e, no mesmo instante, o medidor marcou 55 mR/hr.
Trecho da interessante crônica de viagem escrita pelo poeta Márcio-André. Aqui.
Trecho da interessante crônica de viagem escrita pelo poeta Márcio-André. Aqui.
19 de janeiro de 2008
Vinha cá com o objetivo de deixar um trecho qualquer de Balzac. Adiei a passagem.
Budismo pós-moderno
Ao mestre Augusto dos Anjos
Doutor, pegue esta moto-serra
e corte em mim o que é fera!
Deixe-me apodrecendo numa cela
à espera de um verme por consorte!
Sorte maior é nunca precisar de sorte!
Esta poesia é de Luciano Vilela Teodoro e foi retirada do livro "O devorador de pólen", lançado em 2006, numa edição do autor.
Budismo pós-moderno
Ao mestre Augusto dos Anjos
Doutor, pegue esta moto-serra
e corte em mim o que é fera!
Deixe-me apodrecendo numa cela
à espera de um verme por consorte!
Sorte maior é nunca precisar de sorte!
Esta poesia é de Luciano Vilela Teodoro e foi retirada do livro "O devorador de pólen", lançado em 2006, numa edição do autor.
10 de janeiro de 2008
O clip da música The Master of the Alien Werewolves, do interessante projeto de Edgar Franco, Posthuman Tantra, já está disponível no You Tube.
9 de janeiro de 2008
Na subida do morro
O primeiro tiro, na primeira viela da subida do morro, acertou o elemento que corria desesperado, tudo indicando que tinha culpa no cartório.
O responsável pela operação policial explicou que nessa hora tem de atirar mesmo, até porque não dá tempo de perguntar se o suspeito é ou deixa de ser inocente.
Só depois, dias depois, no decorrer das investigações, descobriram que o elemento em questão e já enterrado não passava de um molecote de 14 anos que correu porque se borrava de medo da polícia.
O medo, vocês sabem, traz o desespero e faz a gente correr mesmo. E que o moleque, soube-se depois também, era doente mental e acordava gritando no meio da noite "são eles, mãe, são eles e vão nos matar". Também puxava de uma perna, o safadinho, o que aumentava mais ainda a aflição na hora da correria.
Mas aí, disse o sargento responsável pela operação, já era tarde.
Conto de Luís Pimentel, retirado do livro "Um cometa cravado em tua coxa". Pimentel é autor de mais de dezena de livros, entre infantis, contos, poesia. Foi editor do Jornal do Brasil, entre vários outros jornais do país.
O primeiro tiro, na primeira viela da subida do morro, acertou o elemento que corria desesperado, tudo indicando que tinha culpa no cartório.
O responsável pela operação policial explicou que nessa hora tem de atirar mesmo, até porque não dá tempo de perguntar se o suspeito é ou deixa de ser inocente.
Só depois, dias depois, no decorrer das investigações, descobriram que o elemento em questão e já enterrado não passava de um molecote de 14 anos que correu porque se borrava de medo da polícia.
O medo, vocês sabem, traz o desespero e faz a gente correr mesmo. E que o moleque, soube-se depois também, era doente mental e acordava gritando no meio da noite "são eles, mãe, são eles e vão nos matar". Também puxava de uma perna, o safadinho, o que aumentava mais ainda a aflição na hora da correria.
Mas aí, disse o sargento responsável pela operação, já era tarde.
Conto de Luís Pimentel, retirado do livro "Um cometa cravado em tua coxa". Pimentel é autor de mais de dezena de livros, entre infantis, contos, poesia. Foi editor do Jornal do Brasil, entre vários outros jornais do país.
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