15 de junho de 2007
Para mim ilusão e esperança se coincidem e a minha fé não tem olhos. A senilidade, ao contrário do que dizem os jovens, não significa sabedoria, mas tolerância. E isso eu constato, sentada aqui, no alto do décimo quarto andar de um prédio fundado num terreno de Botafogo, com setenta e dois longos anos pesando em minhas pernas varicosas.
Este aí é o trecho inicial do meu romance "As espirais de outubro", finalista do I Prêmio SESC de Literatura, premiado pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo e publicado pela Nankin Editorial. O livro saiu esta semana e conta com o traço de Edgar Franco na capa.
Este aí é o trecho inicial do meu romance "As espirais de outubro", finalista do I Prêmio SESC de Literatura, premiado pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo e publicado pela Nankin Editorial. O livro saiu esta semana e conta com o traço de Edgar Franco na capa.
6 de junho de 2007
Ela hesitou um pouco na correnteza, depois foi para o fundo e parou junto de uma pedra. Nick enfiou a mão para tocá-la, afundou o braço na água até o cotovelo. A truta estava parada na correnteza, descansando nos seixos ao lado de uma pedra. Quando os dedos de Nick a tocaram, tocaram também o sentimento sereno que ela guardava de ter escapado e de ter virado uma sombra no fundo do rio.
Hemingway, no conto "A alma dos rios". Tradução de José J. Veiga.
Hemingway, no conto "A alma dos rios". Tradução de José J. Veiga.
1 de junho de 2007
Nós, escritores, geralmente corrigimos as provas de nossas primeiras edições e, às vezes, nem isso. As seguintes, deixamos ao cuidado dos editores, os quais, talvez devido a seu conhecido e divertido jogo de passar a bola, as delegam ao impressor, o qual se apóia no revisor de provas, o qual, por ter a cabeça perturbada, chama em seu auxílio esse primo pobre que todos temos, o qual, como é bem mais folgado, as envia a um vizinho. O resultado é que, ao final, o texto não é reconhecido nem pelo próprio pai: neste caso, este seu servidor. Os livros freqüentemente melhoram com essa colaboração gratuita e tácita, mas os autores, raras vezes concordamos em reconhecê-los e costumamos preferir, talvez tomados pela soberba, aquilo que com melhor ou pior sorte havíamos escrito.
Trecho de um esclarecimento de Camilo José Cela, escrito para seu livro "A família de Pascual Duarte". Tradução de Janer Cristaldo, em segunda edição da Bertrand Brasil.
Trecho de um esclarecimento de Camilo José Cela, escrito para seu livro "A família de Pascual Duarte". Tradução de Janer Cristaldo, em segunda edição da Bertrand Brasil.
Assinar:
Postagens (Atom)