23 de junho de 2009

Jerusalém

Gonçalo Tavares é um escritor português de 36 anos que vem causando frisson em seu país natal com o livro "Jerusalém", tendo conseguido arrancar elogios até do conterrâneo José Saramago. O livro é realmente bonito, a trama consegue ser surpreendente em alguns momentos, mas o que conseguiu me prender foi a estranheza que as personagens nos causam: uma esquizofrênica que engravida em uma casa de recuperação e tem um filho deficiente. Ontem vi uma palestra do italiano Giovanni Ricciardi e ele, comentando um romance do Antônio Torres, Um táxi para Viena d'Áustria, diz que a principal característica desta obra é o fato de possuir um protagonista que vagueia sem motivo e sem razão por uma cidade. O mesmo pode ser dito das personagens de Tavares: elas perderam a conexão com a realidade, com a vida e com a própria verdade. É mais do que apatia, é uma falta aparentemente orgânica, há uma causa biológica nas ações. Incomodaram-me os "a nível de" e também os "há 5 anos atrás". Não sei se a regra da língua portuguesa em Portugal permite isso. Vou ver com o Pasquale no Twitter.

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