Talvez
os ituiutabanos não tenham uma ideia muito clara da importância do Concurso Luiz
Vilela, que, durante mais de vinte anos, premiou contistas do país inteiro. O
certame, que dava ao vencedor uma boa quantia em dinheiro, que recebia, a cada
edição, em torno de mil trabalhos concorrendo ao prêmio, levava o nome de minha
cidade natal aos cantos mais recônditos do Brasil. Digo isso com conhecimento
de causa, pois, por onde quer que eu vá, quando respondo sobre Ituiutaba, logo
já a conectam ao concurso.
Os
livros editados com os dez melhores trabalhos circulam por todos os cantos.
Recebo com frequência e-mails de gente pedindo exemplares, interessados em ler
os contos selecionados. Quando relacionam o prêmio à cidade, logo pensam que
aqui há políticos que valorizam a cultura, que reconhecem o valor da
literatura. E é fato que deve ser louvado.
Estamos
cansados de saber que uma parcela significativa da população saiu da faixa de
pobreza, alcançando o status de consumidora. Os da classe C migraram para a B,
os da B para a A, fazendo com que nosso povo tivesse acesso aos bens de
consumo, embora continue sem acesso aos bens culturais, seja por desinteresse,
seja por falta de dinheiro mesmo. Ações que saiam à captura de leitores só
podem ser louvadas.
Posso
garantir a qualquer um que venha me questionar, que os mil exemplares editados
com os dez contos vencedores alcançam uma enormidade de leitores. Um livro em
uma biblioteca, um livro lançado ao mundo, é sempre uma surpresa. Como vencedor
da edição de 2007 do Prêmio Luiz Vilela, como autor selecionado em quatro
outras oportunidades, posso afirmar que a antologia fez muita diferença em
minha carreira.
Graças
ao concurso, meu nome chegou aos ouvidos de antologistas e de pesquisadores que
se interessaram pela minha escrita. Fui convidado a participar de importantes
obras, caso da Geração zero zero, que mapeou os melhores escritores
contemporâneos da década passada. Meu nome, de boca em boca, alcançou uma
pesquisadora norte-americana, que passou a estudar meus dois últimos livros com
seus alunos de pós-graduação. De boca em boca, minha prosa encontrou uma
editora alemã, que se interessou pelo que faço e que traduzirá um texto meu
para a Feira de Frankfurt, em 2013.
Poderia
ficar aqui defendendo o concurso durante horas, mas acho que já dei uma boa
amostra do meu pensamento. Por motivos que não pretendo abordar neste texto, o
prêmio deixa de levar o nome do escritor ituiutabano mais conhecido no Brasil e
no mundo. Não tenho dúvida nenhuma que grande parte do sucesso do Concurso Luiz
Vilela se deveu ao fato de que o próprio Vilela gerenciava todos os passos do
certame. Parece-me que ficou decidido que continuará a existir um prêmio
literário em Ituiutaba, só que com outro nome. Não sei se será a mesma coisa, mas
espero que sim.