12 de outubro de 2008

I

On n’est pas sérieux, quand on a dix-sept ans.
- Un beau soir, foin des bocks et de la limonade,
Des cafés tapageurs aux lustres éclatants !
- On va sous les tilleuls verts de la promenade.

Les tilleuls sentent bon dans les bons soirs de juin !
L’air est parfois si doux, qu’on ferme la paupière ;
Le vent chargé de bruits, - la ville n’est pas loin,
A des parfums de vigne et des parfums de bière...

II

- Voilà qu’on aperçoit un tout petit chiffon
D’azur sombre, encadré d’une petite branche,
Piqué d’une mauvaise étoile, qui se fond
Avec de doux frissons, petite et toute blanche...

Nuit de juin ! Dix-sept ans ! - On se laisse griser.
La sève est du champagne et vous monte à la tête...
On divague ; on se sent aux lèvres un baiser
Qui palpite là, comme une petite bête...

Trecho de "Roman", poesia de Arthur Rimbaud (1854 - 1891). Abaixo, o que Ivo Barroso conseguiu fazer:

I

Não se pode ser sério aos dezessete anos.
- Um dia, dá-se adeus ao chope e à limonada,
À bulha dos cafés de lustres suburbanos!
- E vai-se sob a verde aléia de uma estrada.

O quente odor da tília a tarde quente invade!
Tão puro e doce é o ar, que a pálpebra se arqueja;
De vozes prenhe, o vento - ao pé vê-se a cidade, -
Tem perfumes de vinha e cheiros de cerveja...

II

- Eis que então se percebe uma pequena tira
De azul escuro, em meio à ramaria franca,
Picotada por uma estrela má, que expira
Em doce tremular, muito pequena e branca.

Noite estival! A idade! - A gente se inebria;
A seiva sobe em nós como um champanhe inquieto...
Divaga-se; e no lábio um beijo se anuncia,
A palpitar ali como um pequeno inseto...

Podem até achar que sou radical, mas muitas vezes eu acho que é melhor não se traduzir poesia.


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