6 de maio de 2008

Continuò a girare, l'automobile, per un tempo che nessuna lancetta misurò mai. Elizaveta non contò quante volte vide il rettilineo d'arrivo, ma si accorse che a poco a poco quel che Ultimo
aveva cercato spesso di spiegarle, stava succedendo. Sentì ogni curva sciogliersi gradualmente nell'ordine illogico di un unico gesto, e trovò nella propria mente il cerchio che non esisteva se
non per lei. Nel cuore della velocità, trovò la perfezione di un semplice anello. Pensò allora all'infinito caos di ogni vita, e all'arte sopraffina delle cose che sanno pronunciarlo in un'unica
figura, compiuta. E capì cosa ci commuove nei libri, nello sguardo dei bambini e negli alberi solitari, in mezzo alla campagna. Quando si accorse di essere scesa nel segreto di quel disegno,
chiuse gli occhi, vide gli occhi di Ultimo, sorrise. Poi appoggiò una mano sul braccio del ragazzo che guidava. L'automobile rallentò come se si fosse staccata dall'invisibile forza che fin lì l'aveva trascinata. Percorse sulla spinta ancora due curve, che tornarono, in quella antica lentezza, a sembrare curve. Poi, giunta sul rettilineo, la macchina si fermò.


Continuou rodando, o automóvel, por um tempo que nenhum ponteiro jamais mediu. Elizaveta não contou quantas vezes viu a reta de chegada, mas percebeu que, aos poucos, o que Ultimo muitas vezes procurara lhe exolicar agora estava acontecendo. Sentiu cada curva se desmanchar gradualmente na ordem ilógica de um único gesto e encontrou na própria mente o círculo que só existia para ela. No coração da velocidade, encontrou a perfeição de um simples anel. Pensou, então, no caos infinito de toda vida e na arte requintada das coisas que sabem pronunciá-lo numa única figura, completa. E compreendeu o que nos toca nos livros, no olhar das crianças e nas árvores solitárias, no meio do campo. Quando percebeu que havia descido no segredo daquele desenho, fechou os olhos, viu os olhos de Ultimo, sorriu. Depois, apoiou uma das mãos no braço do rapaz que dirigia. O carro desacelerou como se tivesse se despregado da força invisível que o arrastara até ali. Percorreu no embalo mais duas curvas, que voltaram, naquela antiga vagarosidade, a parecer curvas. Depois, ao chegar à reta, o carro parou.

Trecho de "Questa storia" (Esta história), de Alessandro Baricco. A tradução é de Roberta Barni e foi lançada pela Companhia das Letras. O romance conta a história de Ultimo, um sonhador que se apaixona por carros quando criança e persegue, durante a segunda guerra, o desejo de construir um circuito fechado, para que nele jamais seja disputada nenhuma prova.

Nenhum comentário: