4 de junho de 2006

O meu nome não. Vivo nas ruas de um tempo onde dar o nome é fornecer suspeita. A quem? Não me queira ingênuo: nome de ninguém não. Me chame como quiser, fui consagrado a João Evangelista, não que meu nome seja João, absolutamente, não sei de quando nasci, nada, mas se quiser o meu nome busque na lembrança o que de mais instável lhe ocorrer. O meu nome de hoje poderá não me reconhecer amanhã. Não soldo portanto à minha cara um nome preciso. João Evangelista diz que as naves do Fim transportarão não identidades mas o único corpo impregnado do Um. Não me pergunte pois idade, estado civil, local de nascimento, filiação, pegadas do passado, nada, passado não, nome também: não. Sexo, o meu sexo sim: o meu sexo está livre de qualquer ofensa, e é com ele-só-ele que abrirei meu caminho entre eu e tu, aqui.

Início do romance "A fúria do corpo", de João Gilberto Noll.

3 comentários:

Claudio Eugenio Luz disse...

Li Harmada, um livro para ler e reler; assim, de uma t(a)ocada só.

hábraços

whisner disse...

claudio, queria colocar um miniconto seu aqui. posso? abs.

Claudio Eugenio Luz disse...

Meu caro, você nem precisa me pedir.
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Estou começando a organizar o livro, coisa complicada.
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Avise-me quando a revista chegar - foi despachada sexta feira retrasada.

hábraços