Erguia do chão a parte da pessoa que se chama pé, sempre tão esquecida, prendia-a com a ajuda do salto a um dos travessões do tamborete que girava com sua pessoa e tudo como um satélite diante do bar e, jogando-se para trás sobre a barra do mostrador, horizonte infinito manuseado e remanuseado por infinitas mãos de bêbados, ensaiava uns franzidos de riso com os lábios exibindo os dentes amarelos, desiguais, passeava o olhar pelas gargantas dos outros bebedores, que gana tinha de os enforcar, e enquanto o barman lhe servia uísque e cerveja, aumentando a dose de uísque em proporções geométricas e a de cerveja em proporções aritméticas, descarregava um murro no testo sem cornos de seus joelhos.
Início do romance Week-end na guatemala, de Miguel Ángel Astúrias, tradução de Antonieta Dias de Morais.
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