30 de setembro de 2008

Prêmio ALB/Braskem 2008

Art. 1 - A Academia de Letras da Bahia e a Braskem com a finalidade de promover a criação literária, instituem o Prêmio Nacional Academia de Letras da Bahia/Braskem/Conto 2008, destinado a um livro de contos, escrito por autor de nacionalidade brasileira. A premiação será dupla: caberá ao vencedor a importância de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) e o livro será publicado por uma editora de projeção nacional.

Art. 2 - As inscrições no Prêmio Nacional Academia de Letras da Bahia / Braskem/Conto 2008, serão abertas no dia 13 de março de 2008 e encerradas no dia 31 de outubro do mesmo ano.

Art. 3 - Concorrerão ao Prêmio textos de contos rigorosamente inéditos.

Art. 4 - Os originais deverão ser encaminhados à Academia de Letras da Bahia, Av. Joana Angélica, 198 - Nazaré - Palacete Góes Calmon, Slavador - Bahia - CEP 40050-000 - Telefax: (71) 3321-4308 e-mail: letrasba@terra.com.br.
Os originais remetidos pelo correio poderão ser aceitos até o dia do encerramento, 31 de outubro de 2008, data que deverá estar bem legível no carimbo da postagem com aviso de recebimento (AR).

Art. 5 - O texto original preencherá os seguintes requisitos:
a) apresentação em 03 (três) vias, em perfeitas condições de legibilidade num lado somente do papel, formato A-4, espaçamento simples, deverá ter 07 (sete) contos, sem limite máximo ou mínimo de páginas de cada conto;
b) as 03 (três) cópias devem ser acompanhadas de um disquete ou CD que contenha o texto gravado no formato .doc (Word) ou em outro processador de texto compatível;
c) ser acompanhado de um envelope lacrado contendo: ficha com nome do concorrente, pseudônimo, título da obra, endereço completo, xerox da identidade e telefone de contato.

Art. 6 - A Comissão Julgadora do Prêmio Nacional Academia de Letras da Bahia/Braskem/Conto 2008 composta de 03 (três) membros de notória e reconhecida vinculação com a área do Prêmio, será nomeada pelo Presidente da Academia de Letras da Bahia que, sem direito a voto, presidirá o julgameto.
Parágrafo único - A Comissão será indicada e nomeada em 07 de novembro, devendo entregar o resultado até 18 de janeiro de 2009.

Art. 7 - Os membros da Comissão deverão reunir-se, pelo menos, uma vez, ocasião em que redigirão ata especial em que constem a decisão e os votos com justificativas.
Parágrafo primeiro - Em nenhuma hipótese o prêmio será fracionado, devendo a comissão, por unanimidade ou por maioria, indicar a obra vencedora.
Parágrafo segundo - O julgamento da Comissão terá caráter irrevogável.

Art. 8 - A Academia de Letras da Bahia e a Braskem darão ampla divulgação ao resultado do julgamento.

Art. 9 - O Prêmio Nacional Academia de Letras da Bahia/Braskem/Conto 2008 será entregue em março de 2009, em solenidade pública, na sede da Academia de Letras da Bahia.

Art. 10 - A Academia de Letras da Bahia não terá obrigação de devolver os originais apresentados.

Salvador, 13 de março de 2008.

Eduardo M. Boaventura
Presidente da Academia de Letras da Bahia

José Carlos Grubisich
Presidente da Braskem

28 de setembro de 2008

Comentários

Agora ficou mais fácil comentar os posts deste blog. Não há mais necessidade de se ter uma conta no google. Aproveitem.

24 de setembro de 2008

A revista "Algo a dizer" traz uma interessante entrevista com o saudoso Fausto Wolff, escritor que sempre admirei. Também uma resenha do Celso Gomes sobre o livro de Marcelino Freire, Contos Negreiros, que venceu o Jabuti em 2006. Os poemas certeiros de Paula Cajaty. Meu conto "sonâmbulos", que venceu o concurso Luiz Vilela ano passado também está lá. Fabio Weintraub sob a pena de Gustavo Dumas, uma crítica impecável. E assim por diante.

18 de setembro de 2008

Nasci atrás do palco improvisado por meu pai, no largo duma pequena aldeia dos arredores de Lisboa. Assim que os meus olhos conseguiram focar além dos vinte centímetros que me distanciavam do rosto de minha mãe, devo ter fixado algum pormenor da madeira. Pois durante anos, na imperfeição duma das tábuas que nos acompanharam na doce peregrinação que foi a minha infância, eu via sempre o enigmático olho dum enigmático animal que foi o meu primeiro e mais remoto amigo.
Nasci três horas antes do espetáculo. E embora o meu pai insistisse para que a minha mãe desse as deixas por detrás da cortina azul do fundo do palco deitada na sua cama improvisada, ela preferiu subir à cena para interpretar a costumeira Leonor Telles, ansiosa por mostrar ao público o seu último rebento. E como eu chorasse durante a fala escrita por meu pai com reminiscências de Marcelino Mesquita, em que Leonor enlouquece de paixão o pobre D. Fernando, minha mãe, num gesto arrebatado, tirou para fora o peito inchado e manchou de colostro a camisa de linho de Leonor, donde nenhuma lixívia jamais conseguiu apagar as nódoas amarelas.

Parágrafos iniciais do romance "O pranto de Lúcifer", de Rosa Lobato de Faria (Lisboa, 1932).

7 de setembro de 2008

A sociedade do escape

A Guy Debord

Toda a vida atual consiste
em um seminário de distâncias;
a distância é uma semana invisível
num calendário perdurante,
uma estância perdida onde não se há
o que se é, e o que seria também sucumbe;
um instante posta-se noutro
e o próximo desafago é apenas uma porta aberta
para um longe de afetos frustrados;
o dia encosta na noite, de relógio-alarme
em punho, cerrado de rotinas;
a voz imposta-se no grito de uma árvore
presa em tela seca na garganta;
e por fim uma chama fica cega,
quando a cor de tudo em torno é fuga, sem exílio.

Zeh Gustavo, em "Perspectiva do Quase", uma tocante antologia poética lançada há pouco pela Arte Paubrasil.

5 de setembro de 2008

A tendência deste blog é tratar mais de literatura, mas hoje vou dar uma dica de cinema: Vontade Indômita (The Fountainhead), de King Vidor, de 1949, com Gary Cooper, Henry Hull e Patricia Neal. O filme conta a história do arquiteto Howard Roark, que luta contra uma cidade em fúria para defender seus projetos. Pelos diálogos, pela direção e pelas atuações, este é um dos melhores filmes que já vi.

1 de setembro de 2008

"A velha mantinha passo após passo aquela marcha suspirada e cheia de
- ai, meu deus
sem olhar para os lados, surda para os motores ruidosos que por vezes lhe zuniam nos ouvidos ou para o trepidar de britadeira das rodas ao caírem numa infinidade de buracos, como se o chão fosse mesmo um imenso solavanco. E muito embora o coque cinza e desgrenado preso à cabeça lhe rabiscasse um aspecto perturbado, ela permanecia atenta aos chinelos que gastavam os vãos dos dedos e à neta que, pendurada em sua mão, tentava lhe acompanhar. Por vezes, diminuía o ritmo, balançando o corpo de um lado ao outro para que a pequena acertasse o passo, Primeiro o pé direito depois o esquerdo, ela pensava em dizer, no entanto sabia que em pouco a menina se distrairia com alguma pedra ou qualquer coisa à altura das mãos. Então, quieta a seu canto, a velha procurava com a língua um tanto de saliva para molhar os lábios e se perdia no labirinto de sua memória, dando voltas empoeiradas a se perguntar como haviam chegado naquele resto de mundo tão íngreme. Somente quando os grãos de areia se misturavam à carne ela voltava a se lembrar dos chinelos que lhe comiam os pés, pois lhe ardia não apenas o corpo, mas a garganta esturricada de um
- ai, meu deus"

Trecho do conto "Três a caminho", do livro "Beijando dentes", de Maurício de Almeida. O projeto gráfico desta obra vencedora do Prêmio SESC de Literatura 2007 é algo estupendo. As narrativas da obra são todas surpreendentes, muitas vezes líricas, com trechos maravilhosos. Entretanto, a falta de revisão compromete um pouco o resultado final. Nem os avais da Leyla Perrone, do José Castelo e do Daniel Piza conseguem disfarçar a falta que fez uma meticulosa revisão ortográfica e gramatical. No trecho selecionado um erro grave foi transcrito como está no livro.